Asatru – Pagãos nórdicos do paganismo moderno
Asatru é uma religião neopagã que busca reconstruir as tradições religiosas dos povos nórdicos pré-cristãos, conhecidos como antigos pagãos nórdicos ou vikings.
É uma das várias formas de paganismo moderno que surgiram a partir do século XX, com o objetivo de reviver as crenças e práticas religiosas dos antigos povos da Escandinávia.
O termo “Asatru” é de origem nórdica e significa “fé nos deuses”. Os adeptos de Asatru buscam uma conexão com os deuses e deusas nórdicas, bem como com os espíritos da natureza.
Os principais deuses venerados incluem Odin, Thor, Freyja, Frigg, Loki e outros, todos fazendo parte do panteão nórdico.
Os seguidores de Asatru geralmente se envolvem em rituais, cerimônias e práticas sazonais que refletem a natureza cíclica do ano, honrando as estações, os solstícios e os equinócios. Além disso, a mitologia nórdica e os antigos textos sagrados, como a Edda Poética e a Edda em Prosa, são fontes de inspiração e conhecimento para os praticantes de Asatru.
Vale ressaltar que Asatru não deve ser confundido com o neopaganismo wiccano, que possui suas próprias tradições e crenças.
Embora haja algumas sobreposições e influências mútuas entre as várias formas de paganismo moderno, cada uma tem suas características distintas.
É importante ressaltar que as práticas religiosas de Asatru e outras formas de paganismo moderno são vivenciadas de maneiras diferentes por seus seguidores.
Alguns praticantes podem enfatizar mais o aspecto espiritual e místico, enquanto outros podem se concentrar mais na recriação histórica e cultural dos antigos ritos e tradições.
A natureza exata das práticas religiosas pode variar de acordo com a interpretação e a escolha pessoal de cada indivíduo dentro da comunidade Asatru.
História do Movimento Asatru
O movimento moderno de Asatru tem suas raízes no século XIX, com o interesse renovado pela mitologia nórdica e pela cultura dos antigos povos nórdicos.
Nessa época, houve um ressurgimento do interesse pelas tradições pagãs em várias partes da Europa, à medida que as sociedades passavam por mudanças sociais e industriais rápidas.
Na Islândia, em meados do século XIX, surgiu um movimento conhecido como o “renascimento nórdico”, no qual estudiosos e escritores começaram a explorar e promover a antiga mitologia e literatura nórdica.
Autores como Snorri Sturluson, que escreveu a Edda em Prosa, e a descoberta e tradução da Edda Poética, desempenharam um papel fundamental na revitalização do interesse pela cultura e mitologia nórdica.
No entanto, o verdadeiro surgimento do movimento Asatru moderno ocorreu no século XX. Na década de 1970, na Islândia, o grupo chamado Ásatrúarfélagið foi fundado como uma associação religiosa que buscou reavivar as antigas tradições religiosas nórdicas. Esse grupo foi o precursor do renascimento de Asatru como uma religião oficialmente reconhecida e legalizada no país.
O movimento Asatru também se espalhou para outros países, como os Estados Unidos e outros países europeus, principalmente a partir da década de 1980.
Grupos e organizações foram formados para promover o estudo e a prática do Asatru, buscando reconstruir as tradições religiosas dos antigos pagãos nórdicos.
Esses grupos se basearam nas fontes históricas e mitológicas disponíveis, como os Eddas, as sagas islandesas e outros textos antigos, para reconstruir os rituais, as crenças e a cosmovisão dos antigos nórdicos.
No entanto, é importante notar que essa reconstrução é baseada em interpretações modernas e que nem todas as práticas e crenças são idênticas às dos antigos pagãos nórdicos.
Hoje, o movimento Asatru continua a crescer e se desenvolver, com seguidores em várias partes do mundo. Asatruar (aqueles que praticam o Asatru) celebram festivais sazonais, realizam rituais e buscam uma conexão espiritual com os deuses e a natureza de acordo com as crenças e tradições do movimento.
Crenças do Asatru
As crenças do Asatru, como qualquer religião, podem variar entre os praticantes individuais e as diferentes organizações.
No entanto, existem algumas crenças e conceitos gerais compartilhados por muitos seguidores do Asatru. Aqui estão algumas das principais crenças do Asatru:
Panteão nórdico: Os praticantes de Asatru acreditam e reverenciam os deuses e deusas do panteão nórdico. Isso inclui figuras como Odin, Thor, Freyja, Frigg, Loki e outros. Cada deus tem suas próprias características, mitos e áreas de influência.
Cosmovisão e conexão com a natureza: O Asatru enfatiza uma profunda conexão com a natureza e o reconhecimento de que os deuses, espíritos e forças divinas estão presentes em todos os aspectos do mundo natural. A terra, o céu, as árvores, os rios e outros elementos naturais são considerados sagrados.
Valores e ética: O Asatru valoriza princípios éticos e morais, como coragem, honra, honestidade, lealdade, generosidade e respeito mútuo. Os seguidores do Asatru buscam viver suas vidas de acordo com esses valores, procurando ser bons membros da comunidade e honrando seus compromissos e relacionamentos.
Ancestralidade e veneração dos antepassados: Os praticantes de Asatru geralmente têm um forte senso de conexão com seus antepassados e prestam homenagem a eles. Isso pode ser feito por meio de rituais, cerimônias ou simplesmente lembrando e honrando a linhagem e a herança ancestral.
Ciclo sazonal e festivais: O calendário sazonal desempenha um papel importante no Asatru, com a celebração de festivais que marcam os diferentes momentos do ano, como o solstício de verão, o solstício de inverno, o equinócio de outono e o equinócio de primavera. Essas celebrações estão conectadas à natureza e às mitologias associadas.
Procura por sabedoria e conhecimento: Os praticantes de Asatru valorizam a busca contínua por sabedoria e conhecimento, seja por meio do estudo das antigas sagas e mitos, da prática da magia rúnica, da exploração da história nórdica ou do aprimoramento pessoal e espiritual.
Essas são apenas algumas das crenças comuns no Asatru. É importante lembrar que as crenças e práticas individuais podem variar e que o Asatru é uma religião inclusiva, aberta a diferentes interpretações e perspectivas pessoais dentro de um contexto geral.
Deuses e Deusas do Asatru
O Asatru não possui uma estrutura hierárquica centralizada ou uma autoridade religiosa única, pois é uma religião descentralizada e pluralista.
No entanto, existem algumas estruturas organizacionais e comunitárias que podem ser encontradas dentro do movimento Asatru.
É importante lembrar que essas estruturas podem variar dependendo do grupo ou região. Aqui estão algumas das principais formas de organização dentro do Asatru:
Grupos Locais e Kindreds: Muitos praticantes de Asatru se organizam em grupos locais, conhecidos como kindreds ou hearths.
Esses grupos são formados por pessoas que se reúnem para celebrar rituais, compartilhar conhecimentos e promover a comunidade dentro do contexto do Asatru. Eles podem ser informais e baseados em laços de amizade ou podem ter uma estrutura mais formal com líderes e estatutos definidos.
Organizações e Associações: Existem várias organizações e associações Asatru em diferentes países, que buscam promover e preservar as práticas e crenças do Asatru.
Essas organizações podem fornecer recursos, orientações, eventos comunitários e uma plataforma para a interação entre os seguidores do Asatru.
Alguns exemplos de organizações Asatru incluem a Ásatrúarfélagið na Islândia, a Troth nos Estados Unidos e a Odinic Rite no Reino Unido.
Gildas e Guildas: Gildas e guildas são grupos especializados dentro do Asatru que se concentram em interesses específicos, como estudos acadêmicos, práticas xamânicas, artes e artesanato, entre outros.
Esses grupos podem ser formados por pessoas com interesses compartilhados, que desejam explorar um aspecto específico do Asatru em mais detalhes.
É importante destacar que a estrutura do Asatru é amplamente baseada na autonomia individual e na liberdade religiosa.
Os seguidores do Asatru têm a flexibilidade de praticar de acordo com suas próprias crenças e necessidades, e muitas vezes valorizam a tomada de decisões coletivas dentro de suas comunidades.
Portanto, a estrutura do Asatru é altamente diversificada e pode variar de acordo com a localização geográfica, a cultura e as preferências dos praticantes.
Paganismo Moderno e a Questão da Supremacia Branca
É importante abordar a questão da supremacia branca no contexto do paganismo moderno, incluindo o Asatru. Embora o paganismo moderno, incluindo o Asatru, seja uma religião diversificada e inclusiva, infelizmente, certos grupos e indivíduos associados a essas tradições têm adotado ideologias racistas e nacionalistas brancas.
Alguns grupos de supremacia branca têm utilizado símbolos e mitologias nórdicas para promover sua agenda racista, distorcendo e deturpando a religião para justificar a discriminação racial e o ódio. Essas interpretações distorcidas não refletem as crenças e os valores autênticos do Asatru ou de outras formas de paganismo moderno.
No entanto, é importante ressaltar que a vasta maioria dos praticantes do Asatru e do paganismo moderno rejeitam firmemente essas ideologias racistas. Muitos seguidores do Asatru enfatizam os princípios de inclusão, igualdade, respeito mútuo e repúdio ao racismo e à discriminação.
A comunidade do Asatru tem se esforçado para combater o racismo e a supremacia branca, promovendo a diversidade e a inclusão em suas fileiras. Muitas organizações Asatru têm adotado declarações oficiais rejeitando o racismo e estabelecendo diretrizes claras de não tolerância para ideologias discriminatórias.
Além disso, há uma crescente conscientização e esforços de educação dentro da comunidade Asatru e do paganismo moderno para combater o racismo e promover um ambiente inclusivo.
Os praticantes estão se engajando em discussões, oferecendo recursos e promovendo a compreensão de que o paganismo moderno é uma religião aberta a todas as pessoas, independentemente de sua origem étnica.
É essencial separar as ações e as crenças de grupos racistas e nacionalistas brancos da religião do Asatru em si. O Asatru e o paganismo moderno são sistemas de crenças que podem ser praticados por pessoas de diferentes origens étnicas, desde que estejam comprometidas com os princípios de igualdade e respeito mútuo.
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